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Saab Global

Sucessão no comando da Saab América Latina

10 min read

Após sua atuação na Saab como presidente para a América Latina, Bo Torrestedt se despede do Brasil e dá as boas-vindas a Fredrik Gustafson, que deixa o escritório da Saab em Santiago, Chile, para coordenar os projetos da Saab na região. Em um mercado desafiador, os executivos contam um pouco de suas experiências, carreira e expectativas para os próximos passos

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Bo Torrestedt – é engenheiro de formação, mas também aprofundou seus conhecimentos em Marketing e Negócios. Iniciou sua carreia na Bofors, passando pela Ericsson, onde ficou por quase 20 anos. Em 2007, juntou-se à também sueca Saab chegando à posição de presidente da Saab para a América Latina. Desde o início, Bo imprimiu sua assinatura única na empresa.

Como foi a sua mudança para o Brasil e as primeiras impressões relacionadas ao trabalho? É diferente?

Bo Torrestedt - Passei grande parte da minha vida profissional viajando pelo mundo. Minha primeira visita ao Brasil foi em 1985, mas a mudança aconteceu em 2015. O Brasil é muito diferente da Suécia. É importante não apenas tentar entender as diferenças, mas também aceitá-las sempre que possível. Para mim, as principais diferenças estão relacionadas aos processos, orçamentos e senso de urgência (a maneira como os brasileiros lidam com o tempo).

Quais projetos da sua gestão você destacaria?

BT: É claro que destaco todo o trabalho e sucesso obtido com o Programa Gripen. O sucesso do projeto criou um grande interesse pelo Gripen e pela Saab em vários outros países da América Latina, por isso acredito plenamente que seremos bem sucedidos em alguns deles. Ressalto o trabalho com o RBS 70 no Brasil. Após um processo longo, fomos bem sucedidos no final e isso possibilitará bons contratos futuros. Nossos esforços na área naval também evoluíram bastante. Somos finalistas no projeto de fornecimento das corvetas Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil. Tenho certeza de que iremos longe em outros países também. Por último, dar o primeiro passo na construção da Área de Mercado na América Latina (MA LATAM) foi e é um projeto muito interessante.

O que você destaca como sendo uma característica relevante do mercado de defesa da América Latina?

BT: Existe uma grande necessidade de equipamentos de defesa e segurança na região. Muitos países possuem sistemas antigos que estão prontos para serem substituídos. A América Latina é uma parte do mundo com pouco ou nenhum grande conflito, com exceção da Venezuela. O combate é concentrado em contrabando de drogas e atividades ilegais, o que, no âmbito da defesa e segurança, prioriza sistemas e produtos de vigilância, por exemplo. Além disso, o processo de negociação e orçamento para a aquisição de novas soluções é muito diferente ao da Suécia. Às vezes, as mudanças políticas e estabilidade na economia são difíceis de acompanhar e prever.

Cite uma situação desafiadora que enfrentou durante seu período na América Latina.

BT: Eu diria que você enfrenta desafios diários, grandes e pequenos. Eles podem estar relacionados ao trabalho, mas também ao cotidiano. Se eu fosse dar um exemplo, provavelmente seria o de conseguir os documentos de permissão para trabalho, visto, etc. O Brasil é um país burocrático, as coisas levam tempo e é difícil saber se serão resolvidas no prazo.

Como foi sua experiência de morar no Brasil? Do que você sentirá falta?

BT: Foi interessante e gratificante morar no Brasil. Eu e minha família gostamos muito desse período da nossa vida. Tivemos a sorte de fazer muitos amigos, tantos brasileiros quanto estrangeiros que vieram morar no Brasil temporariamente. O trabalho e as viagens tomavam a maior parte do tempo, mas também tivemos oportunidades de ver coisas juntos. Sentirei falta de muitas coisas, especialmente dos amigos e colegas. Me vem à mente agora os brasileiros, o clima, mesmo que seja um pouco quente demais durante o alto verão e que eu tenha sentido falta de esquiar. O fácil acesso a atividades ao ar livre, restaurantes, o jeito descontraído etc.

Que conselho você daria ao seu sucessor?

BT: Primeiramente, aproveite e tente se divertir! Vai ter muito trabalho duro e viagens, mas você vai gostar. Tente ficar calmo quando as coisas não acontecerem tão rápido ou da maneira que você quer ou espera. Acredito plenamente que Fredrik vai gostar do novo cargo. Ele vai contar com uma ótima equipe de trabalho.

Qual é o próximo passo na sua carreira?

BT: Voltarei para a Suécia no início de abril e, agora, devo assumir um cargo em Marketing em uma função corporativa ou em alguma área de negócios. Estou ansioso para este novo desafio, mas também espero que, uma viagem de negócios, me traga de volta à América Latina.

Fredrik Gustafson - foi nomeado o novo presidente da Saab América Latina em 1º de janeiro de 2019. O executivo iniciou sua carreira na Força Aérea Sueca como Oficial Técnico, passando pela Academia de Oficiais da Força Aérea Sueca, depois pela Escola Técnica da Força Aérea e, por último, pela Escola de Guerra das Forças Armadas. Após 12 anos ingressou, em 2000, na Saab como gerente de treinamento no suporte ao cliente do Gripen.

Quais são suas expectativas em relação ao trabalho no Brasil?

Fredrik Gustafson - Passei muito tempo no Brasil com a campanha do Gripen, entre 2009 e 2013. Agora estou com grande expectativa para realmente morar no Brasil, aprender a conhecer os brasileiros, a língua portuguesa e a cultura de uma maneira mais profunda no dia a dia. No aspecto profissional, estou na expectativa para ver o Programa Gripen se materializando, e também para ver a Saab estabelecida como uma opção natural entre todas as Forças, expandindo nossa atuação com diversas parcerias com a indústria brasileira em novas áreas, estabelecendo a Saab como uma empresa local com parceiros locais.

Qual é a sua avaliação sobre o mercado de Defesa na América Latina?

FG: O mercado de Defesa na América Latina pode não ser tão linear como em outras regiões do mundo, mas é mais cíclico, e já passamos por alguns anos desafiadores. Porém, dado o desenvolvimento da região, acredito que podemos esperar uma necessidade crescente de modernização dentro das suas Forças Armadas. Creio que presenciaremos um fortalecimento contínuo dos recursos de vigilância das fronteiras e em investimentos em equipamentos que podem ser usados, não apenas em conflitos militares, mas também em desastres naturais e situações de ameaça não tradicionais. A segurança cibernética será uma parte natural da maioria das aquisições materiais, a fim de garantir a soberania nacional no controle de fluxo de informações.

Quais são seus objetivos de curto prazo, entre um e dois anos, e de médio/longo prazo, a partir de cinco anos, para a Saab na América Latina?

FG: Meu objetivo de curto prazo é continuar fortalecendo a nossa marca na América Latina e consolidar a nossa organização. Também focarei no crescimento de nossos negócios, além do Programa Gripen, no Brasil. Vimos vários negócios surgirem em 2018 e acredito que veremos uma clara expansão, tanto no domínio Naval quanto no Terrestre, com novas soluções entrando em ação com clientes novos e atuais na região. No médio e no longo prazo, meus objetivos são de que a Saab tenha várias parcerias fortes na região, quando nós, juntamente com a área de Defesa local, aumentaremos nossa participação de mercado, não somente na região, mas também em outros lugares. Vejo que no prazo de 5 anos, desenvolvemos novas soluções com a indústria local e vejo que a Saab é um parceiro natural em todos os três domínios de Defesa, bem como no segmento de gestão de tráfego aéreo, em nossos principais mercados na América Latina.

Como foi o início de sua carreira na Saab.

FG: Comecei como gerente de treinamento no suporte ao cliente do Gripen, desenvolvendo programas de treinamento para os clientes. Então, me tornei responsável pelo departamento de Treinamento de Clientes e, então, fui para o departamento de marketing do Gripen. Depois de quase oito anos nessa função, principalmente na Noruega e no Brasil, foi-me oferecido o cargo de chefe da América Latina de língua espanhola, incluindo a abertura de nosso escritório em Santiago em 2013.

Qual é a sua avaliação para o seu atual momento na Saab?

FG: Sinto-me privilegiado por ser nomeado para este cargo, principalmente por substituir Bo Torrestedt. Ele conseguiu criar um espírito de equipe muito bom desde o início e construir uma plataforma com uma equipe que está muito bem preparada para levar a Saab para o futuro. Um dos meus maiores objetivos é manter esse espírito de equipe e assegurar que continuemos sendo uma das organizações mais atrativas para trabalhar dentro da Saab.

Como o você e Bo estão lidando com a transição na liderança da região?

FG: Temos trabalhado juntos há quase seis anos na região. Também tenho atuado como substituto de Bo nos últimos anos e sempre tivemos um diálogo muito próximo. Com base nisso, e no fato de termos a sorte de ter tido uma passagem formal de seis meses, quando trabalhamos "em conjunto", estou confiante de que a transição será muito suave e praticamente imperceptível. Bo fez um trabalho muito minucioso ao longo dos anos, construindo a nossa organização latino-americana que vemos hoje e, não menos importante, ele criou um espírito de equipe único, que espero manter e continuar a desenvolver. Também tenho certeza de que poderei contar com os conselhos de Bo depois que ele voltar para a Suécia e assumir seu próximo cargo.

Como você vê as possibilidades de novas parcerias em novos projetos nos mercados brasileiro e latino-americano?

FG: Eu estou muito confiante em relação a isso e vejo várias oportunidades. Acredito que comprovamos, por meio do nosso Programa Gripen no Brasil, forma como a Saab trata a transferência de tecnologia e como quando buscamos ativamente parcerias locais para uma cooperação verdadeira. Essa é a única maneira de criarmos um novo mercado para a Saab e para o setor de Defesa local. É claro que grandes programas como o Gripen ou diferentes programas navais ajudam a estabelecer essas parcerias, mas também acredito que podemos encontrar boas oportunidades em programas mais "modestos" e discretos, como a cooperação dentro de diferentes tipos de programas de guerra eletrônica (EW) e inteligência eletrônica (ELINT).

É possível destacar algumas primeiras impressões do Brasil? Como está o processo de adaptação em relação à mudança, cultura e aprendizado de mercado?

FG: Pode ser que eu tenha subestimado a diferença entre o espanhol e o português. Portanto, percebi que terei de investir mais tempo para estudar português para me integrar melhor na sociedade brasileira. Após mais de cinco anos no Chile, acho que estou bem preparado para essa mudança, apesar de também perceber que existem várias diferenças culturais entre o Chile e o Brasil. Acredito ter um entendimento prévio razoavelmente bom em relação ao mercado, mas o mais importante, é que temos um conhecimento profundo sobre o mercado brasileiro em nossas unidades locais no Brasil no escritório de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Em nossa unidade no Brasil, temos todo o nosso conhecimento local sobre o país e dependo deles totalmente quando se trata de entender os detalhes aqui no Brasil.