Transferência de tecnologia e cooperação industrial
A parceria para o desenvolvimento conjunto e fornecimento de 36 caças Gripen é o maior contrato de exportação da história da Suécia e o maior programa de transferência de tecnologia em curso no Brasil. A aquisição das aeronaves é de suma importância não apenas para o aumento da capacidade operacional da Força Aérea Brasileira, mas também representa um salto tecnológico para a Base Industrial de Defesa.
A participação da indústria nacional no desenvolvimento do programa, desde o começo, tem proporcionado uma transferência de tecnologia sem precedentes para o país e para empresas como a Embraer, AEL Sistemas, Akaer, Atech, para as subsidiárias da Saab no Brasil, e para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, por meio de seus institutos subordinados.
Engenheiros e técnicos de empresas parceiras estão participando de treinamentos teóricos e práticos na Saab em Linköping, Suécia. Os profissionais que deixaram o Brasil com destino à Suécia são o maior ativo intangível dos países, carregando consigo tecnologia e conhecimentos poderosos. Até o fim das entregas dos caças, cerca de 350 engenheiros e técnicos de ambas as nacionalidades terão vivido essa emocionante jornada de vida pessoal e profissional.
A melhor maneira de se transmitir conhecimentos é a prática do dia a dia. Por isso, técnicos, mecânicos e engenheiros brasileiros serão treinados pela Saab em um programa de transferência de tecnologia que terá a duração de aproximadamente 10 anos. Também há de se mencionar a transferência de conhecimento para os oficiais da Força Aérea Brasileira. Pilotos e técnicos da FAB passam por treinamentos para que adquiram capacidades de operar e manter os caças em plenas funções no país.
A maior parte desses profissionais foram acompanhados por suas famílias, mas todos levaram na bagagem as suas histórias de vida misturadas com o entusiasmo por fazer parte deste time pioneiro. E também levaram a determinação de aprender sobre o caça, as suas características, o processo de desenvolvimento e produção. Os primeiros desembarcaram em Linköping, onde a Saab mantém a sua principal planta dedicada ao segmento de aviação militar, em outubro de 2015, semanas antes do início do rigoroso inverno naquele país nórdico.
Na Suécia, esses brasileiros passam por aulas teóricas e depois seguem para o trabalho prático, o chamado on-the-job training. São mais de 600 mil horas em treinamento e 62 projetos, incluindo aulas em sistemas de comunicação (Link BR2), integração de armamentos, ensaios em voo, aviônicos, sistemas, aerodinâmica, produção, montagem de componentes estruturais da fuselagem da aeronave Gripen E/F, entre muitas outras áreas e segmentos.
Para cada área há um programa específico de formação e transferência de tecnologia, o que reflete no aumento de novas capacidades da indústria nacional de Defesa, algumas inclusive inéditas na América Latina.
Durante o processo, algumas empresas nacionais passaram a integrar a cadeia global da Saab, tornando-se fornecedoras do caça para as encomendas feitas pela própria Suécia e por futuros operadores do Gripen E/F.
Um bom exemplo disso é a AEL Sistemas, uma empresa de Porto Alegre (RS) que é beneficiária do Programa Gripen brasileiro, que se tornou um dos principais fornecedores globais da Saab em 2018, exportando displays de cockpit de alta tecnologia para equipar caças Gripen. Todos os pedidos futuros do Gripen E/F terão os três displays - Wide Area Display (WAD), Head-up Display (HUD) e Helmet Mounted Display (HMD) desenvolvidos pela AEL Sistemas em Porto Alegre.